Presidente da entidade reclama de falta de políticas inclusivas no estado
Às vésperas de completar 22 anos, a Sociedade dos Cegos do Rio Grande
do Norte tem pouco a comemorar. A entidade, que faz aniversário neste
1° de agosto, quer aproveitar a data festiva para trazer à
luz discussões entorno da necessidade de criar uma agenda que insira de
forma mais eficaz pessoas com deficiência visual na sociedade.
Segundo estado da federal com maior percentual de pessoas com algum
tipo de deficiência, o Rio Grande do Norte ainda é carente de políticas
inclusivas. Pelo menos esta é a avaliação feita pelo presidente da
Socern, Ronaldo Tavares da Silva. “Nosso estado tem 27,8% de pessoas com
deficiência e não há uma política clara de inclusão”, afirma.
O Rio Grande do Norte aprovou na década de 1990 uma lei que prevê
criação de meios para dar mais oportunidades e um melhor tratamento aos
deficientes. O marco, prestes a completar 30 anos, tem reflexo quase
irrisório no estado. “Sempre esbarra na questão burocrática, na falta de
dinheiro do serviço público, em licitações intermináveis… Há anos que a
Socern luta pela instalação de sinais sonoros em pontos específicos da
cidade, mas o projeto não sai do papel. Sempre encontram uma desculpa
para adiar a instalação dos equipamentos”, lamenta Ronaldo.
O presidente da Socern integra uma comissão na Câmara Municipal de
Natal que discute, quinzenalmente, formas para melhorar a qualidade de
vida de pessoas com deficiência. Composta por cinco vereadores, o grupo
tem conseguido avançar em pautas pontuais, mas ainda está longe de
provocar mudanças radicais na cidade.
Mesmo em um cenário pouco animador, Ronaldo Tavares afirma que, nos
últimos anos, o trato com os deficientes melhorou. “Estão começando a
surgir oportunidades no mercado de trabalho. As pessoas estão deixando
de nos ver como coitadinhos ou doentes e começando a entender que
podemos viver normalmente e sermos independentes”, conta.
Ele teme, porém, que todo esse avanço caia por terra com a entrada em
vigor da Lei Brasileira de Inclusão, sancionada em 2015. Na avaliação
de Ronaldo, o texto cria mecanismos que causarão retrocesso na luta por
uma sociedade equivalente. A principal preocupação é com o pagamento de
aposentadorias para os deficientes. De acordo com a nova lei, apenas
pessoas em condição de extrema pobreza terão acesso ao benefício.
“Conclamo a bancada federal do Rio Grande do Norte a tentar revogar
essa lei. Ela é absurda. Vai levar pessoas com deficiência à pobreza.
Imagine que a situação financeira dos brasileiros já está difícil, com
baixa oferta de emprego e aumento das despesas, e o Governo Federal
ainda quer cortar direitos de pessoas deficientes. É injusto”, bradou.
Socern
O aniversário da Socern não será marcado com festa. Faltam recursos
para uma comemoração suntuosa. Ainda assim, a data não passará em
branco. Nesta quarta-feira (1°), o grupo irá celebrar a data especial
com seus associados. Para Ronaldo Tavares, o dia serve para atrair
atenção à causa defendida pela entidade. “Esperamos, mais uma vez, que a
população e a classe política se sensibilize com a nossa luta e passe a
nos apoiar”, finaliza.
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