terça-feira, 31 de julho de 2018

Sociedade dos Cegos completa 22 anos e cobra mais oportunidade para os deficientes visuais

Presidente da entidade reclama de falta de políticas inclusivas no estado

Às vésperas de completar 22 anos, a Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte tem pouco a comemorar. A entidade, que faz aniversário neste 1° de agosto, quer aproveitar a data festiva para trazer à luz discussões entorno da necessidade de criar uma agenda que insira de forma mais eficaz pessoas com deficiência visual na sociedade.
Segundo estado da federal com maior percentual de pessoas com algum tipo de deficiência, o Rio Grande do Norte ainda é carente de políticas inclusivas. Pelo menos esta é a avaliação feita pelo presidente da Socern, Ronaldo Tavares da Silva. “Nosso estado tem 27,8% de pessoas com deficiência e não há uma política clara de inclusão”, afirma.
O Rio Grande do Norte aprovou na década de 1990 uma lei que prevê criação de meios para dar mais oportunidades e um melhor tratamento aos deficientes. O marco, prestes a completar 30 anos, tem reflexo quase irrisório no estado. “Sempre esbarra na questão burocrática, na falta de dinheiro do serviço público, em licitações intermináveis… Há anos que a Socern luta pela instalação de sinais sonoros em pontos específicos da cidade, mas o projeto não sai do papel. Sempre encontram uma desculpa para adiar a instalação dos equipamentos”, lamenta Ronaldo.
O presidente da Socern integra uma comissão na Câmara Municipal de Natal que discute, quinzenalmente, formas para melhorar a qualidade de vida de pessoas com deficiência. Composta por cinco vereadores, o grupo tem conseguido avançar em pautas pontuais, mas ainda está longe de provocar mudanças radicais na cidade.
Mesmo em um cenário pouco animador, Ronaldo Tavares afirma que, nos últimos anos, o trato com os deficientes melhorou. “Estão começando a surgir oportunidades no mercado de trabalho. As pessoas estão deixando de nos ver como coitadinhos ou doentes e começando a entender que podemos viver normalmente e sermos independentes”, conta.
Ele teme, porém, que todo esse avanço caia por terra com a entrada em vigor da Lei Brasileira de Inclusão, sancionada em 2015. Na avaliação de Ronaldo, o texto cria mecanismos que causarão retrocesso na luta por uma sociedade equivalente. A principal preocupação é com o pagamento de aposentadorias para os deficientes. De acordo com a nova lei, apenas pessoas em condição de extrema pobreza terão acesso ao benefício.
“Conclamo a bancada federal do Rio Grande do Norte a tentar revogar essa lei. Ela é absurda. Vai levar pessoas com deficiência à pobreza. Imagine que a situação financeira dos brasileiros já está difícil, com baixa oferta de emprego e aumento das despesas, e o Governo Federal ainda quer cortar direitos de pessoas deficientes. É injusto”, bradou.
Socern
O aniversário da Socern não será marcado com festa. Faltam recursos para uma comemoração suntuosa. Ainda assim, a data não passará em branco. Nesta quarta-feira (1°), o grupo irá celebrar a data especial com seus associados. Para Ronaldo Tavares, o dia serve para atrair atenção à causa defendida pela entidade. “Esperamos, mais uma vez, que a população e a classe política se sensibilize com a nossa luta e passe a nos apoiar”, finaliza.

 

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