Procurar alternativas para resistir em uma
região constantemente castigada pela seca e que, mesmo nos períodos
chuvosos, possui uma quantidade escassa de água, nunca foi uma opção
para os seridoenses. É necessidade.
Em
menos de uma década, as facções de costura - oficinas que terceirizam a
confecção de peças para grandes marcas da indústria têxtil - saltaram
de 75 para 124 no RN
Localizada na área central do Rio Grande do Norte, a microrregião do
Seridó potiguar abrange 24 municípios e já foi referência no cultivo do
algodão mocó, chamado de “ouro branco”, que ajudou a desenvolver a
região ao longo do século XIX e durante mais da metade do século XX. O
Seridó entrou no século XXI buscando novas possibilidades e, já há algum
tempo, é conhecida como “a terra dos empreendedores natos”. A
criatividade do seridoense é para encontrar alternativas de subsistência
no semiárido. A indústria têxtil, que era focada na fiação de tecidos
quando o algodão era a base econômica, se especializou na área de
confecções.
Em menos de uma década, as facções de costura –
oficinas que terceirizam a produção de peças para grandes marcas –
saltaram de 62 para 124 no Estado, graças ao Pro-Sertão. A maioria está
no Seridó, empregando mais de 2.800 pessoas e produzindo cerca de 18
milhões de peças de roupa por ano. As empresas buscam, agora, ampliar o
leque de clientes e até mesmo passar a produzir marcas próprias, a fim
de consolidar ainda mais a região como um pólo da indústria têxtil não
apenas local, mas nacional.
A cidade de São José do Seridó possui a maior
concentração de facções de costura no Estado. São 16 oficinas. Passado o
primeiro momento de contato com empresas âncoras e fornecedoras, os
empreendedores locais já buscam expandir a atividade com produção
própria. A cidade, de 4.500 habitantes, tem mais de um quinto da
população empregada nas facções, tanto nas áreas urbana como rural.
Criada no início dos anos 2000, a princípio
com três galpões de costura e 85 funcionários, a empresa CMedeiros é um
exemplo desse processo de expansão. Em 2010, Ricardo Medeiros e Anny
Fabíola abriram a quarta unidade e, em 2011, criaram um galpão na zona
rural, que emprega exclusivamente pessoas da própria comunidade,
conhecida como Caatinga Grande. Em 2013, no entanto, a expansão que
estava acontecendo em ritmo constante de ano a ano, teve de ser
interrompida: a crise econômica atingiu o setor. Muitas facções se viram
em uma situação difícil para se manter em atividade.
Associações
Para tentar contornar a crise, os faccionistas precisaram se unir. Foi então que muitas das empresas começaram a criar Associações, a fim de tentar profissionalizar mais o serviço e sanar as falhas que estavam sendo identificadas em termos de gestão e produção.
Para tentar contornar a crise, os faccionistas precisaram se unir. Foi então que muitas das empresas começaram a criar Associações, a fim de tentar profissionalizar mais o serviço e sanar as falhas que estavam sendo identificadas em termos de gestão e produção.
Eva Vilma é presidente de uma Associação que
engloba 14 empresas nos municípios de Parelhas, Santana do Seridó e
Equador. “Foi quando vimos que o setor precisava se unir. Apesar de
estarmos todos no mesmo ramo, considerando que somos competidores, na
verdade o que queremos é que todas as facções cresçam, porque a demanda é
alta. Trabalhamos juntos para poder superar o momento de dificuldade”,
explicou Eva. Ela é proprietária de uma facção na cidade de Parelhas.
“Não há competitividade tradicional em nosso ramo, e sim parcerias. Uma
empresa dá a mão à outra”, completou.
Apenas a formação de associações, no entanto,
não foi suficiente para garantir uma recuperação para o setor. Programas
de capacitação para a mão de obra, tanto na parte de costura como na de
administração, além de ampliação do conhecimento do mercado e linhas de
crédito e financiamento, foram alguns dos pontos que os empresários
constataram como necessários para poder voltar a crescer.
Empreendedor Ricardo Medeiros explica importância do Pró-Sertão para o Seridó:
Importância das facções de costura
124 é o número de facções de costura no Rio Grande do Norte. Dessas, 62 foram criadas graças ao projeto Pró-Sertão;
54 das 62 facções criadas a partir do Pró-Sertão estão localizada na região do Seridó potiguar;
2.853 é a quantidade de pessoas ocupadas no setor, nas áreas de produção (2.557), administração (246) e vendas (50);
422 mil é o número médio de peças por mês produzido pelas facções de costura do Estado;
R$ 2,6 milhões é o valor gerado mensalmente no setor.
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