Quase um ano depois de ter deixado em definitivo o
Palácio da Alvorada, afastada do cargo por um impeachment, a
ex-presidente Dilma Rousseff ainda responde a uma pendência. Há pouco
menos de um ano, foi sentida falta do labrador Nego na sua mudança. O
cachorro foi um presente de José Dirceu para ela, quando a petista foi
morar na residência oficial que foi ocupada pelo também ex-ministro da
Casa Civil, em 2005. O sumiço causou consternação, que foi maior quando
se soube que ele morreu. Foi sacrificado.
Dilma divulgou uma nota na época dizendo que, por
orientação de um veterinário, teve de sacrificar o cão, que morreu com
aplicação de injeções. Ele teria sido diagnosticado com uma "mielopatia
degenerativa canina", uma doença crônica. A petista disse ainda na nota
que tomou tal atitude de forma "relutante", poucos dias antes de deixar
Brasília.
O caso indignou o deputado federal Ricardo Izar
(PP-SP), presidente da Frente em Defesa dos Animais na Câmara. Diante
das notícias e dos rumores, ele foi para o plenário, dia 13 de setembro
de 2016, e fez um discurso duro, culpando a petista pela morte de Nego. E
anunciando que iria levar o caso adiante e pedir investigação da
Procuradoria-Geral da República.
"Ela mandou matar o cachorro, dizendo que ele estava
velho e doente. Se isso servisse como desculpa, ela também está velha e
doente. E quebrou o Brasil", disse à época Izar.
Não contente, encaminhou um pedido de explicação à
ex-presidente, resposta que não recebeu até hoje. Mais indignado, então,
fez a representação ao então procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, pedindo para que a morte de Nego fosse investigada.
O próprio Izar não levava a mínima fé que o caso fosse adiante, contou à Gazeta do Povo.
Pois foi. Janot enviou o caso para a Justiça Federal do Distrito
Federal que, por sua vez, o repassou às autoridades policiais do
Distrito Federal. E Ricardo Izar foi surpreendido esta semana, na
segunda-feira, quando recebeu uma correspondência solicitando seu
comparecimento a uma delegacia para depor sobre o assunto.
O deputado depôs nesta terça-feira (7) na Delegacia
Especial de Proteção ao Meio Ambiente e a Ordem Urbanística, ligada à
Polícia Civil. E contou que tomou tal atitude dada as notícias e as
centenas de mensagens de apelo e indignação que recebeu nas suas redes
sociais.
"Mas não acreditava nunca que iria para a frente.
Essas denúncias de maus-tratos de animais que faço nunca continuam.
Talvez por ser a Dilma, essa foi".
Izar ficou de ajudar na investigação e tentar
descobrir o nome do veterinário que fez o diagnóstico. O delegado
responsável pelo caso, Vitor de Mello Duarte, segundo Izar, disse que
Dilma pode ser ouvida no caso. Se, no final dessa história, Dilma vier a
ser condenada poderá pegar de três meses a um ano de detenção, além de
multa. É a previsão do artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais para quem
pratica ato de abuso, maus-tratos, fere ou mutila animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.
Por intermédio de sua assessoria, Dilma informou que não irá comentar o assunto.
Nenhum comentário :
Postar um comentário