O progresso tecnológico melhora a vida da população em geral, promovendo redução de custos
(que acaba se refletindo em preços mais baixos), maior qualidade e
variedade de produtos. Mas frequentemente afeta negativamente grupos
específicos, pois determinadas profissões e habilidades tornam-se
obsoletas.
Um excelente exemplo é a profissão de ascensorista. Há muitos anos,
os elevadores tinham de ser operados manualmente, o que requeria a
presença de um profissional especializado. Com a mudança na tecnologia,
surgiram novos elevadores que poderiam ser facilmente operados pelos
próprios usuários. Hoje, na grande maioria dos edifícios, quase qualquer
pessoa pode escolher o andar a que deseja ir com o simples toque de um
botão.
Assim, a profissão de ascensorista foi desaparecendo à medida que os velhos elevadores foram dando lugar aos novos.
Sim, são empregos que desaparecem. Faz sentido mantê-los? Não, pois eles apenas gerariam um custo para a sociedade, sem trazer quase nada de benefício em troca.
Claro, a mudança impacta negativamente quem passou a vida numa profissão e agora se vê desempregado,
com poucas oportunidades de se recolocar no mercado de trabalho. Mas
esses são custos temporários, concentrados em um pequeno grupo. Manter
os empregos para sempre, por outro lado, criaria um custo permanente.
Evidentemente não compensa.
O melhor a fazer, nesse caso, é utilizar recursos públicos para
ajudar a reduzir os custos individuais. Dessa forma, temos um gasto
temporário, justamente para fazer frente a um custo que também é
temporário.
Uma notícia recente nos dá uma dimensão dos custos de manter essa profissão – leia aqui. A
Câmara dos Deputados anunciou que exonerará seus 66 ascensoristas.
Afinal, é preciso economizar dinheiro público nessa época de crise
fiscal.
Vou repetir, caso tenha passado batido: estamos em 2017, e a Câmara
tem 66 ascensoristas! Como dito, manter esses profissionais envolve
custos, sem muito benefício em troca. E quem paga por esses custos: eu,
você, todos nós brasileiros, via impostos.
Trata-se de mais um privilégio de nossos governantes – afinal, quem quer levantar o dedo para apertar o botão do andar desejado?
A economia é, entretanto, pequena comparada ao rombo fiscal do
governo. Não faz cócegas no problema nas finanças públicas. De qualquer
forma, é um privilégio a menos. Que tal agora mexermos nos carros
oficiais com motorista, nos exércitos de assessores, apartamentos
funcionais etc.?
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