sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Como ruiu a história do falso fotógrafo da ONU que enganou jornalistas, mulheres e 120 mil seguidores no Instagram

Em 7 de julho de 2017, a BBC Brasil publicou um texto apresentando fotos e vídeos que seriam de autoria de um brasileiro que se apresentava para seus mais de 100 mil seguidores no Instagram como Eduardo Martins, fotógrafo da ONU. Após a publicação do conteúdo, surgiram suspeitas não apenas sobre a autoria das imagens enviadas como também sobre a verdadeira identidade de Martins. A BBC Brasil começou a investigar o caso há um mês e, pouco a pouco, os elementos de uma história construída por dois anos começaram a ruir. Diante das suspeitas e do risco de violação de direitos autorais, o conteúdo original foi retirado do ar. A empresa pediu desculpas aos seus  leitores pelo engano. O caso servirá para reforçar nossos procedimentos de verificação. Conheça a história:

Montagem com imagens do suposto fotógrafo 

A história era de grudar os olhos na tela: um fotógrafo brasileiro, jovem, loiro e bonito, que havia superado abusos na infância e uma leucemia no início da vida adulta e se lançara às principais zonas de guerra do mundo, entre elas Iraque e Síria, para registrar o sofrimento humano. O resultado do trabalho eram imagens com alma, que poderiam estampar as páginas de qualquer publicação jornalística do mundo. O problema é que grande parte desta história era mentira.
Eduardo Martins, suposto paulistano de 32 anos, se apresentava em seu perfil no Instagram, onde tinha 127 mil seguidores, como fotógrafo da Organização das Nações Unidas em campos de refúgio. Descrevia seu cotidiano com grandiloquência heroica.
"Uma vez, durante um tiroteio no Iraque, eu parei de fotografar para ajudar um menino que tinha sido atingido por um molotov e o retirei da zona de tiro. Eu paro de ser fotógrafo para ser um ser humano", afirmou em uma entrevista para a publicação estrangeira Recount Magazine, em outubro de 2016.
O depoimento vinha ricamente ilustrado por imagens de conflitos em Gaza, na Síria, no Iraque - as mesmas que ele postava em seu Instagram.
Ali dizia ainda que gostava de surfe - intercalava a publicação de fotos sangrentas a supostas imagens suas sobre pranchas em praias que dizia serem na Austrália. Entre seus feitos, relatava ter até mesmo dado aulas do esporte a crianças na Palestina.
A cada reportagem ou foto que emplacava, Eduardo procurava novos veículos que publicassem seu material. Usava como provas de sua autenticidade o que já havia saído sobre ele na imprensa, além da grife ONU. No Instagram, publicava reproduções de páginas que teriam usado seu trabalho, como o jornal americano The Wall Street Journal.
Para aumentar a veracidade do que dizia, deixava públicos comentários calorosos de "amigos". Entre os cumprimentos estavam elogios de um suposto repórter do The Wall Street Journal chamado Thomaz Griffin, por uma dessas publicações na imprensa internacional. A redação do diário americano afirmou à BBC Brasil que não emprega nenhum jornalista com esse nome. 

Acesse o link e veja a íntegra


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