A greve que mantém
bancários paralisados por todo o país há mais de dez dias tem como um de seus
objetivos forçar os bancos a repensar os modelos de agências digitais, uma
opção que tem ganhado força entre os clientes devido à redução — às vezes a
zero — das taxas de manutenção.
A categoria reclama que,
embora venha embalada numa roupagem que indica revolução, as agências digitais
são basicamente centrais de atendimento com funções bancárias, o que moveu
parte das operações para outro tipo de ambiente.
“A agência digital foi
criada e vendida como algo revolucionário, visionário e foi entregue um
telemarketing ativo e receptivo de oito horas”, diz um funcionário do Itaú
ouvido de forma anônima pelo Sindicado dos Bancários e Financiários de São
Paulo, Osasco e Região.
“O resultado é
catastrófico. Os clientes ficaram sem atendimento nas agências convencionais e
os funcionários perderam muito em respeito, vida, saúde e carreira. São
operadores de telemarketing trabalhando oito horas com headset e ai de quem
levantar para conversar, ir ao banheiro ou tomar água. São monitorados e devem
ficar logados o tempo todo.”
A pauta específica de
reivindicações inclui jornada de 25 horas semanais, de segunda a sexta-feira,
carga de trabalho equivalente à dos funcionários de agências físicas,
priorização do pessoal do banco antes da abertura das vagas para trabalhadores
terceirizados, e mais cuidado com o remanejamento de pessoal entre agências
físicas e digitais, além de disponibilização gratuita de equipamento de trabalho.
O sindicato chama atenção
ainda para a falta de acesso ao ambiente em que estão lotados os bancários das
agências digitais. “A lista de desrespeitos que os funcionários denunciam ao
sindicato é extensa, por isso a pauta de reivindicações da Campanha Nacional
2016 inclui cláusulas para melhorar as condições de trabalho nesses locais,
onde o acesso de dirigentes sindicais é absurdamente proibido”, relata Ivone
Silva, secretária-geral do sindicato.
A forma como as
reivindicações vêm sendo apresentadas à sociedade, entretanto, tem prejudicado
a imagem dos bancários junto à população. É possível encontrar pelas redes
sociais reclamações sobre o fato de que as agências digitais estão sendo
apontadas como vilãs. Essa insatisfação ocorre porque o modelo de negócios é
mais barato e menos burocratizado que o tradicional, dois fatores que o fizeram
cair nas graças dos clientes.
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