domingo, 3 de julho de 2016

Arena das Dívidas: estádio potiguar tem prejuízo que já chega aos R$ 35 milhões

Na semana passada a Arena das Dunas viveu mais um dos seus ápices nestes pouco mais de dois anos de história. O estádio recebeu o tradicional clássico carioca Fla-Flu no estádio e bateu a casa dos 26 mil torcedores, apesar da forte chuva que caiu durante todo o dia em Natal. Mais do que isso, quebrou o recorde de renda: R$ 2.214.850,00, superando a marca anterior de R$ 1,6 mi no jogo entre Flamengo e Avaí em 2015.

Apesar disso, nem tudo são flores nas finanças da praça esportiva  O estádio teve prejuízo de R$ 35 milhões desde a sua inauguração, segundo publicação da Revista Época na semana passada. Nos dois anos de atuação, a Arena das Dunas Concessão e Eventos S/A (empresa criada pela OAS para administrar o estádio) fechou o balanço no vermelho.


Em 2014, a Arena das Dunas teve prejuízos operacionais de R$ 16 milhões, valor que aumentou para R$ 19 mi no ano seguinte. O cálculo feito pela reportagem da revista desconsiderou o valor recebido de repasse do Governo para a OAS na remuneração da construção do estádio.

A reportagem do NOVO procurou os diretores da Arena das Dunas para comentarem o assunto através da assessoria de imprensa, mas não recebeu resposta das perguntas enviadas e nem resposta telefônica. 
No ano passado, as receitas do estádio chegaram a R$ 6,9 milhões, mas ainda muito abaixo das despesas, que somaram R$ 23 milhões. 

A OAS, empresa que administra a Arena das Dunas, colocou, inclusive, 100% dos ativos do estádio à venda em 2015. A construtora entrou em recuperação judicial de suas empresas em São Paulo depois que teve sua participação evidenciada em esquemas de corrupção na Operação Lava-Jato. Além da Arena das Dunas, ela decidiu vender parte de seus ativos nas Arenas do Grêmio (Porto Alegre) e Fonte Nova (Salvador). 

No clássico entre Flamengo e Fluminense no final de semana passado, a Arena teve arrecadação recorde do estádio nestes poucos dois anos de existência. Com a receita líquida e os descontos de despesas, pagamento acordado com os clubes e com a Federação do Rio de Janeiro, a Arena das Dunas ainda teve um lucro de R$ 538.658 com a partida. No ano passado, no duelo entre Flamengo e Avaí, a operadora já havia ficado com R$ 439 mil da receita bruta. 

Para tentar reverter esse fator, a Arena das Dunas aposta também no jogo entre a Seleção Brasileira e a Bolívia que acontecerá em outubro deste ano e promete, mais uma vez, casa cheia.

O curioso é que no início de 2015 a Arena das Dunas foi dada como o estádio mais lucrativo de todos que participaram da Copa do Mundo. No relatório de administração e demonstrações financeiras da Arena das Dunas Concessão e Eventos S/A sobre 2014, publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), a Arena anunciou um lucro de R$ 20 milhões no primeiro ano de funcionamento.

O valor foi o maior entre todos os 12 estádios brasileiros que sediaram a Copa do Mundo em 2014. Além da Arena das Dunas, apenas o Mineirão (R$ 16,9 milhões), o Itaquerão (R$ 11,4 milhões) e Beira-Rio (R$ 9,2 milhões) apresentaram as contas no verde, segundo estudo divulgado pela Folha de São Paulo à época. Os demais oito estádios da Copa do Mundo tiveram prejuízo já no balanço feito entre 2014 e 2015.

No entanto, a Arena das Dunas incluiu em seu balanço os R$ 105 milhões recebidos no financiamento pela construção do estádio, diferente de todos os outros balanços. Caso contrário, ela também seria incluída na lista dos estádios com prejuízo.

A Arena das Dunas foi construída numa Parceria Público-Privada (PPP). A concessão administrativa tem duração de 20 anos e vale até 2034.  Nos primeiros 11 anos de acordo, o governo arcará com uma prestação mensal de R$ 9 milhões. Do 12º ano ao 14º, serão R$ 2,7 milhões e nos últimos três anos do contrato, R$ 90 mil. Ao final do contrato, o Governo terá pago R$ 1,2 bilhão pelo estádio, que teve o custo da obra de R$ 423 milhões.

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