quarta-feira, 27 de maio de 2015

Lei permite que EUA investigue estrangeiros desde que caso tenha alguma ligação com o país


 

O processo de investigação da Fifa que resultou na prisão de dirigentes da entidade nesta quarta-feira foi conduzido pelos Estados Unidos porque a lei americana dá autoridade ao Departamento de Justiça para abrir casos contra estrangeiros que vivem no exterior. Os promotores americanos têm usado deste expediente para investigar casos de terrorismo internacional.
Para que os americanos possam proceder este tipo de investigação, os Estados Unidos precisam apenas de uma ligação dos suspeitos com o país, como, por exemplo, um provedor de serviços de internet ou banco americano.
No caso da Fifa, as acusações estão relacionadas a um grande esquema de corrupção dentro da entidade nos últimos 24 anos, envolvendo corrupção, fraude, extorsão, lavagem de dinheiro e propinas no valor de US$ 150 milhões (cerca de R$ 450 milhões) ligados a Copas do Mundo e acordos de marketing e de transmissão de jogos pela televisão. As propinas seriam pagas em contas de bancos americanos. Os mundiais da Rússia (2018) e do Qatar (2022) são alvos da investigação de agentes do FBI, a polícia federal americana.

O tratado da Suíça com os Estados Unidos dá às autoridades suíças o poder de recusar a extradição por crimes fiscais, mas quando há um envolvimento de pessoas que infringiram leis penais em geral os suíços concordam em transferir os acusados para serem julgados nos tribunais americanos.
O processo de extradição começa na Suíça. De acordo com as autoridades locais, um procedimento simples é aberto no caso de pessoas procuradas pela Justiça. Nesse caso, As autoridades federais da Suíça aprovam imediatamente a extradição para os EUA e ordenam a transferência. Caso um dos presos se oponha à extradição, a polícia da Suíça solicita aos americanos que façam um pedido formal de extradição em no máximo 40 dias, como prevê o acordo bilateral entre os dois países.
As notícias da investigação do FBI sobre o caso de corrupção começaram a surgir em março de 2013. Nove meses depois, foi divulgado que Chuck Blazer, ex-membro do comitê executivo executivo da Fifa, estava colaborando com as investigações. Blazer foi acusado de ter recebido propinas quando era secretário-geral da Concacaf. Em maio de 2013, Blazer, de 70 anos, foi suspenso por 90 dias pela Fifa sob a alegação de ter recebido mais de US$ 20 milhões da Concacaf.
Blazer ocupou os mais altos cargos na área do esporte nos Estados Unidos. Ele chegou a ser conhecido pelo apelido de "Sr. Dez por cento" depois de supostamente ter negociado um contrato extraordinário com a Concacaf que lhe dava 10% de cada centavo trazido para a entidade. Ele era conhecido por seu estilo de vida exuberante e, quando não estava em seu apartamento em Manhattan, em Nova York, descansava em seu condomínio de luxo nas Bahamas.
Jornais americanos divulgaram em novembro do ano passado que Blazer fez uma série de gravações de executivos da Fifa para ajudar na investigação das autoridades americanas.

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